‌‌Confira quem são os ganhadores do Prêmio Gabo 2020

‌‌Confira quem são os ganhadores do Prêmio Gabo 2020

  • As quatro melhores histórias da Ibero-América foram escolhidas entre 1.443 trabajos inscritos.
  • 58 jurados, entre os quais encontram-se reconhecidos jornalistas, editores e especialistas em comunicação participaram das 3 etapas de avaliação.  

 

“Venezuela, o paraíso dos contrabandistas”, “Defensores de la selva”, “Frontera Sur. La frontera desconocida de América” e Radar Aos Fatos são os quatro ganhadores do Prêmio Gabo 2020, ‌o reconhecimento mais ‌importante‌ ao jornalismo em espanhol e em português, nas suas quatro categorias ‌de‌ ‌concurso:‌ ‌Texto,‌ ‌Imagem,‌ ‌Cobertura‌ ‌e‌ ‌Inovação.‌ ‌ ‌

O grupo de ganhadores deste prêmio, ‌convocado‌ ‌pela ‌Fundação ‌Gabo‌, uma instituição criada no ano de 1995 pelo jornalista e ‌Nobel‌ ‌de‌ ‌Literatura‌ ‌Gabriel‌ ‌García‌ ‌Márquez, está integrado por jornalistas, equipes jornalísticas de diferentes países da Ibero-América e por alianças transnacionais que reafirmam o potencial do jornalismo colaborativo. Trata-se de quatro trabalhos altamente elaborados que se destacam por sua extraordinária narração, pesquisa, investigação e reportagem minuciosa. São referências do jornalismo relevante, rigoroso, ético e inovador, que não só questiona e incomoda os poderosos, mas também que consegue dar rosto e coração às realidades complexas da América Latina.

As histórias jornalísticas, consideradas como sendo as melhores da Ibero-América, foram selecionadas após um processo de avaliação de três rodadas no qual participaram 58 jurados, responsáveis ​​pela avaliação de 1.443 trabalhos, publicados entre o dia 1º de abril de 2019 e 30 de junho de 2020, para escolher inicialmente a 40 indicados –10 por cada categoria–, depois 12 finalistas –3 por cada categoria– e, finalmente, os 4 vencedores do Prêmio Gabo 2020.

Os ganhadores de cada uma das quatro categorias do concurso vão receber 35 milhões de pesos colombianos e um exemplar da escultura ‘Gabriel’, elaborada pelo artista colombiano Antonio Caro. Os dois finalistas de cada categoria do concurso irão receber 8 milhões de pesos colombianos.

A seguir, confira quem são os ganhadores de cada categoria do Prêmio Gabo 2020, os quais também estão publicados no nosso site. 

Ganhador categoria Texto

Por: Algimiro Montiel, Antonio Maria Delgado, Bram Ebus, Jay Weaver, Jim Wyss, Jorge Benezra, Kyra Gurney, Nicholas Nehamas, Pamela Kalkman, Stefano Wrobleski, Gustavo Faleiros, Lisseth Boon, María Ramírez Cabello, Nancy San Martín, Casey Frank, Maaike Goslinga, Marnix de Bruyne e Rosan Smits.

Este trabalho colaborativo, resultado de uma parceria  jornalística entre o Correo del Caroní da Venezuela, De Correspondent da Holanda, InfoAmazonia do Brasil, Miami Herald dos Estados Unidos e Runrun.es da Venezuela, investiga os conflitos entre garimpeiros, tráfico de ouro e fluxo de caixa ilícitos através de análise de dados e entrevistas com fontes das instituições estatais, traficantes de ouro no Caribe, refugiados venezuelanos que são usados ​​como carregadores de ouro e atores envolvidos no comércio. Trata-se de uma mistura de trabalho de campo com uma análise profunda das estatísticas para identificar as rotas internacionais de contrabando, começando na Venezuela, e evidenciar como a Colômbia e as ilhas do Caribe holandês são usadas como trampolim para que os minerais cheguem a seus destinos que são: Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.

Confira aqui os motivos pelos quais “Venezuela, o paraíso dos contrabandistas” foi selecionado como ganhador, nas palavras dos jurados da categoria Texto: Sergio Ramírez (Nicarágua), Pilar del Río (Espanha) e Santiago Gamboa (Colômbia), descritas na Ata do júri do Prêmio Gabo 2020. 

Trata-se de uma reportagem com uma dimensão geográfica e continental, fronteiriça, sobre a mineração de ouro na Amazônia e seu itinerário clandestino partindo do Brasil, passando pelas Guianas, Venezuela e finalmente a Colômbia. Ao longo do percurso, a reportagem mostra o perfil humano de um dos mais importantes negócios ilegais da atualidade e como a corrupção é tão orgânica que abre todas as portas e atravessa as fronteiras de forma silenciosa. É uma peça extraordinariamente bem narrada, feita com muito rigor e que deslumbra pela sua originalidade. Como valor agregado, oferece também uma leitura em várias línguas que privilegia as conexões entre a Ibero-América e os países de língua portuguesa. Um texto fascinante por si só, mas que também vem acompanhado de um conteúdo audiovisual que faz com que a história seja ainda mais poderosa.

Também foram finalistas nesta categoria: “El narcotraficante invisible: tras las huellas de Memo Fantasma”, publicado no Insight Crime e “Hugo, historia de un corazón”, publicado no jornal El Mundo da Espanha. 

Ganhador categoria Imagem 

Por: Francesc Badia i Dalmases e Pablo Albarenga.

Trata-se de uma série de reportagens multimídia que mistura o storytelling  em vídeo e fotografia com a narração em texto, e apresenta imagens potentes de drone como capa de diferentes histórias que colocam a crise climática em um nível mais pessoal. O projeto retrata a relação simbiótica das comunidades da Amazônia, reserva global de água doce e biodiversidade, com seu próprio território, para ampliar sua luta e compromisso, bem como para transmitir sua determinação. Ednei, Dani, Drica, Joane e Tupi no Tapajós Brasileiro, e Julián, Verónica e Nantu em território Achuar no Equador, formam um poderoso coral cujo tratamento jornalístico, além de narrar uma difícil realidade, busca que a narrativa construída em conjunto se traduza em apoderamento pessoal e coletivo. Os 8 episódios de “Defensores de la Selva”, produzidos em espanhol, português e inglês, foram publicados na íntegra no El País, El País Brasil e openDemocracy, além de peças avulsas no The Washington Post, The Guardian e Intium Media.

Confira aqui os motivos pelos quais “Defensores de la selva” foi selecionado como ganhador, nas palavras dos jurados da categoria Imagem: Carlos Fernando Chamorro (Nicarágua), Carol Pires (Brasil) e Vasco Szinetar (Venezuela), descritas na Ata do júri do Prêmio Gabo 2020. 

Uma excepcional reportagem multimídia em oito partes que busca aterrizar o tema abstrato da crise climática no cotidiano de jovens que desempenham um papel, até agora mal documentado e reconhecido, na defesa e conservação da Amazônia no Brasil e no Equador.

Este trabalho se destaca não apenas pela sua cuidadosa construção de imagem e pelo sólido caráter conceitual para narrar um tema de extrema relevância na atualidade. Destaca-se também pelo notável esforço de reportagem para encontrar oito personagens extraordinários, e contar a partir de suas vidas particulares, e de sua íntima relação com o território, algo muito diferente ao que tinha sido visto anteriormente sobre a Amazônia e o meio ambiente.

Também foram finalistas nesta categoria: “GIG – A Uberização do Trabalho”, publicado no Repórter Brasil y Globo News e “Las niñas suicidas de El Salvador”, publicado na Univision Noticias Digital. 

Ganhador categoria Cobertura

Por: Javier Lafuente, José Luis Sanz, Óscar Martínez, Carlos Martínez, Carlos Dada, Mónica González Islas, Jacobo García, Roberto Valencia, Elena Reina, Héctor Guerrero, Fred Ramos, Víctor Peña, Gladys Serrano, Fernando Hernández, Guiomar del Ser e Teresa de Miguel.

Esta série de seis reportagens, que mistura texto, fotos, vídeos e interativos, tenta desvelar a faixa de terra que liga o México à América Central, a fronteira desconhecida da América, uma das mais esquecidas e violentas do planeta. Durante seis meses, as equipes de jornalistas do El País e El Faro, mais de 20 pessoas no total, trabalharam para revelar as identidades, conflitos e questões que escondem lugares como Tapachula ou Tecún Umán, e outros mais inóspitos e remotos como Xcalak, Ixcan, Bethel ou Laguna del Tigre. Para narrá-los por partes e em múltiplos formatos, e para ilustrar um mosaico formado por comunidades indígenas maias, garífunas e misquitas, ou assentamentos menonitas que iniciaram na América Central, África ou Ásia; por longas extensões de plantações legais e ilegais; por pobreza, desigualdade, poderes políticos e grupos armados em constante recomposição, assim como por países que se desintegram ali mesmo, onde estão.

Confira aqui os motivos pelos quais “Frontera Sur. La frontera desconocida de América” foi selecionado como ganhador, nas palavras dos jurados da categoria Cobertura: María Elvira Samper (Colômbia), Liza Gross (Argentina) e Rosental Alves (Brasil), descritas na Ata do júri do Prêmio Gabo 2020. 

Trata-se de um trabalho colaborativo e de alto nível entre os meios El País e El Faro, com a participação de mais de 20 jornalistas, para mostrar a dramática complexidade da fronteira sul do México, fronteira pela qual milhares de centro-americanos atravessam a cada ano fugindo da pobreza ou da violência e em busca de melhores oportunidades, e por onde passa também boa parte da droga que chega aos Estados Unidos.

Este trabalho vai além da abordagem tradicional da cobertura de cartéis ou grupos criminosos para mergulhar na realidade das comunidades que moram e trabalham em uma região esquecida, desconhecida e violenta. Frontera Sur é uma arriscada aventura jornalística que, a partir de histórias e depoimentos pessoais, tenta dar rosto e coração à realidade de pequenas populações marginais de um extenso e poroso território, onde coexistem economias ilegais e tradicionais de subsistência.

O trabalho utiliza e combina com grande habilidade textos reveladores, vídeos, fotografias e infografias, que permitem ao leitor mergulhar nas áreas geográficas relatadas pela equipe jornalística.

Também foram finalistas nesta categoria: “Los explotadores del agua”, publicado no Mexicanos Contra La Corrupción Y La Impunidad, e “Tierra de resistentes”.   

Ganhadores categoria Inovação 

Por: Tai Nalon, Carol Cavaleiro, Bárbara Libório, Bruno Fávero, Milena Magabeira, Luiza Barros, Thamyres Dias, João Barbosa, Marina Gama Cubas, Rômulo Collopy e Parafernália Interativa.

Radar Aos Fatos é um centro de inteligência que monitora, em tempo real, a desinformação sobre a pandemia do coronavírus no Brasil. A equipe, formada por jornalistas, linguistas e cientistas de dados especializados em desinformação, possui um monitor que recopila, por meio de um algoritmo, mais de 90.000 publicações nas redes sociais por semana e classifica cada uma pelo nível de qualidade da informação. Para recopilar o conteúdo, a equipe do Aos Fatos criou um Python script e um conjunto de dados com mais de 400 sites, 7.000 contas de Twitter de políticos e funcionários do governo, mais de 600 páginas públicas do Facebook e mais de 650 páginas do YouTube e grupos públicos de WhatsApp. O resultado desse trabalho foi a produção –desde março de 2020 até hoje– de 10 análises. Um dos mais influentes controlou mais de 1.500 tweets publicados por parlamentares e revelou que o deputado federal e ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB), foi quem mais compartilhou desinformações sobre o coronavírus, seguido dos aliados de Jair Bolsonaro, os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL) e Bia Kicis (PSL).

Confira aqui os motivos pelos quais Radar Aos Fatos foi selecionado como ganhador, nas palavras dos jurados da categoria Inovação: Emilia Díaz-Struck (Venezuela), Mario Tascón (Espanha) e Natalia Viana (Brasil), descritas na Ata do júri do Prêmio Gabo 2020. 

É uma plataforma que faz uso excepcional da inteligência artificial para detectar e exibir tendências e padrões de desinformação nas redes sociais. Consegue combater centenas de milhares de registros de informações enganosas que de outra forma seriam impossíveis de atacar, além de ter o valor agregado de ser um mecanismo vivo, em constante evolução para atacar novas formas de desinformação.

Em um país onde o uso da desinformação como instrumento político está em alta, Radar Aos Fatos é um exemplo de uma aplicação inovadora da inteligência artificial para fazer jornalismo tão bom e relevante que consegue incomodar os poderosos.

Também foram finalistas nesta categoria: Funes: Un algoritmo contra la corrupción, publicado no Ojo Público, e “Siete horas de angustia en La Modelo”, publicado no Cerosetenta da Colômbia.

Sobre o Prêmio Gabo e o Festival Gabo

São convocados pela Fundação Gabo, a qual inspirada nos ideais e na obra de Gabriel García Márquez, busca promover espaços de reflexão e debate, assim como enaltecer o jornalismo ético, rigoroso, inovador e de serviço público.

O Prêmio Gabo e o Festival Gabo são possíveis graças à aliança da Fundação Gabo com os grupos SURA e Bancolombia, com suas filiais na América Latina, e a aliança da Fundação Gabo com a Prefeitura da cidade de Medellín. Para ficar por dentro das novidades dessas iniciativas, você pode acompanhar as redes sociais:  FacebookInstagram e Twitter.